Quem acompanhou as notÃcias nesta semana provavelmente deve ter se surpreendido com a estreia do Ouya, um console de apenas US$ 99 (cerca de R$ 200, na cotação atual) baseado no sistema operacional Android 4.0, no famoso site de financiamento coletivo Kickstarter.
Mais surpreendente que isso, no entanto, foi o montante arrecadado pelo
projeto. Enquanto a meta inicial de US$ 950 mil foi atingida em apenas 8 horas,
o video game conceitual conseguiu arrecadar mais de US$ 4 milhões em seus
primeiros dois dias.
Se o sucesso inicial da plataforma claramente mostra
como a ideia é bem vinda entre o público, isso também significa que o Ouya
também precisa justificar todo esse investimento. Conheça a seguir os principais
desafios do novo console e como ele pode resolvê-los.
Conhecendo a máquina
Como o Ouya pretende entrar no mercado de consoles
A ideia geral de um console de apenas R$ 200 é
bastante atraente, mas como é que o Ouya espera que as pessoas o adotem? Veja
abaixo as suas especificações oficiais:
- Processador Tegra 3 quad-core;
- 1 GB de RAM;
- 8 GB de armazenamento interno;
- Conexão HDMI com suporte a 1080p;
- Adaptador Wi-Fi 802.11 b/g/n;
- Bluetooth 4.0;
- Controle-padrão (similar ao do Xbox);
- Android 4.0
Os mais atentos devem ter notado que o processador
Tegra 3 é o mesmo presente no novo Nexus 7, o poderoso tablet do Google previsto
para ser lançado neste mês nos Estados Unidos. Mesmo com todo esse poder, no
entanto, essas configurações ainda não são suficientes para competir com um
PlayStation 3 e um Xbox 360 em termos de processamento.
Ainda assim, apresentar os tÃtulos mais robustos
mercado atual não é a principal proposta do Ouya, mas sim aproveitar a
criatividade dos desenvolvedores do setor de jogos para dispositivos móveis (um
dos que mais crescem nos últimos tempos) e levar as suas produções para a sala
de estar – habitar natural dos video games desde o seu nascimento no final dos
anos 80.
Enquanto a Sony e a Microsoft apenas recentemente começaram a
investir nesse mercado (com celulares como o Sony Xperia Play e a integração de
alguns jogos para Windows Phone Ã
LIVE), a Nintendo se recusa veementemente a autorizar
versões se seus tÃtulos clássicos, como Super Mario Bros, para sistemas como o iOS e o Android.
Enquanto isso, o Ouya sai disparado na frente ao escolher o Android.
O poder do Android
A essa altura, já é possÃvel perceber que o sucesso
do Ouya não veio apenas exclusivamente por conta de seu preço. Afinal, até pouco
tempo atrás era possÃvel encontrar o Master System sendo vendido oficialmente no
Brasil por R$ 160 e, como todos sabemos, isso não tornou o console um dos
lÃderes do mercado nacional.
Desse modo, se há um elemento capaz de causar a
diferença, este certamente é o Android. O sistema operacional criado pelo Google
já conta atualmente com uma grande biblioteca de jogos. Embora uma porcentagem
destes tÃtulos seja composta por tÃtulos ruins e/ou cópias baratas de games
clássicos, a plataforma também recebeu sucessos que nasceram no meio mobile,
como Angry Birds, Fruit Ninja e Cut The Rope.
O crescimento do sistema como uma plataforma gamer
também pode ser notado com a presença cada vez maior de versões de games
originários do PC e dos video games, desde novidades como The Amazing Spider Man
(cuja versão para Android foi desenvolvida simultaneamente com a de seus “irmãos
maiores) até clássicos como GTA III. Tudo isso é benéfico para o Ouya, uma vez
que ele já irá chegar com uma linguagem a que os desenvolvedores estão
familiarizados.
As pedras no caminho
O desafio de construir uma biblioteca própria
É necessário lembrar que os jogos para Android têm
seus controles baseados em uma touchscreen – algo presente em todo smartphone
que se preze, mas inexistente na maior parte das televisões.
Agora, enquanto alguns conceitos de joystick para
Android já foram apresentados antes, é necessário reconhecer que a simples
adição de controles não é suficiente para adaptar perfeitamente a jogabilidade
de alguns games.
Por isso, para garantir o seu sucesso e atrair um
público base, o Ouya precisa garantir que haja uma grande lista de opções para
gerar interesse entre as pessoas e para que elas possam aproveitar o console
quando o comprarem (ouviu, PlayStation Vita?).
A dependência do público
Convencer desenvolvedores a criar jogos para o Ouya
ou simplesmente adaptá-los para funcionar no console é que é um dos grandes
desafios do sucesso do Kickstarter. Afinal, enquanto US$ 4 milhões foram
arrecadados nos primeiros dias, apenas 30 mil pessoas bancaram o projeto até
agora – um número pequeno demais para incentivar muitos desenvolvedores a
esperar algum retorno de jogos para a plataforma.
Para que isso possa ser solucionado, a fabricante do
Ouya realizou uma pesquisa onde 45 mil pessoas deram a sua opinião a respeito de
quais jogos elas gostariam de ver no console. A lista completa com os mais
votados pode ser encontrada logo abaixo:
- Assassins Creed
- Bastion
- Battlefield
- Battletoads
- Call of Duty
- Dungeon Defenders
- Fez
- FIFA
- Final Fantasy
- Grand Theft Auto
- League of Legends
- Limbo
- Mass Effect
- Minecraft
- Need for Speed
- Skyrim
- Super Meat Boy
- Terraria
- Timesplitters
- Torchlight
Agora, uma segunda parte da
pesquisa pede aos interessados no console para
descobrir quais desses jogos são os mais desejados pelo público – algo bastante
importante, uma vez que os escolhidos podem ser incentivados a desenvolver a
compatibilidade com o Ouya.
Ainda assim, é necessário lembrar que por mais que
isso ajude a trazer franquias consagradas como Assassin’s Creed e Mass Effect ao
console, dificilmente, todavia, eles trarão toda a qualidade gráfica de seus
últimos tÃtulos. Isso não impede, contanto, que tÃtulos clássicos e até mesmo
spin-offs (aos moldes de Assassin’s Creed: Liberation, do PlayStation Vita)
aportem na nova plataforma.
Mesmo com nenhum detalhe revelado até o momento
sobre a biblioteca oficial do Ouya, 53 mil pessoas (até o término desse artigo)
já acreditam no Ouya e o compraram antecipadamente pelo Kickstarter.
E você, acha que o Ouya irá mudar o mercado de games
ou acredita que ele será mais um investimento sem sucesso?
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